quarta-feira, 5 de setembro de 2007

3. O ENCONTRO COM A NOVELA FILOSÓFICA VOLTAIREANA

O meu contacto propriamente com uma tradução do texto voltaireano haveria de dar-se somente em Maio do ano de 2002 e teve também os mesmos contornos já descritos para a opereta bernsteiniana: não foi uma compra, após a situação feliz de descobrir, num qualquer escaparate das livrarias tantas vezes por mim percorridas, um exemplar de um texto com quem estava já tão familiarizado, embora num universo sígnico diverso. Foi igualmente uma transmissão, uma mudança de mãos, no momento em que relações de amizade com um querido maestro conterrâneo, José de Castro, que toda a minha vida conhecera e admirara, se estreitaram e lhe falei da minha experiência do «Cândido» bernsteiniano, enquanto fonte de sentidos com os quais se entretecia a minha vida: foi ele quem, de imediato, sem anúncio nem antecipação, me surpreendeu com um já bem amarelecido volume das edições Europa-América, com data de Agosto de 1973, numa tradução de Maria Isabel Gonçalves Tomás, o qual me ofereceu. Pouquíssimo tempo depois, o processo de doença e morte do meu amigo maestro, que acompanhei e a quem auxiliei bem de perto, além de todas as circunstâncias de vida igualmente candidianas por que passei nesse período foram para mim renovada expulsão do castelo do Sr. Barão de Thunder-ten-tronckh, na Vestefália de estar vivo, ser compreendido e ter amigos. Parece que a vida raramente se compadece dos que, somente para sobreviver, ruminam inocente e deliciadamente a erva alta da paz, espraiados na colina, como plácidos bovinos no meio do pasto, inscientes de que haja esse trânsito, sabe-se mal para onde e para que coisa, chamado morte.

1 comentário:

Glennis disse...

I don't understand the language, but greetings from New Zealand. Just passing by, nice to meet you.